domingo, 25 de julho de 2010

Audiência Pública OSX

Participei da última audiência pública sobre a instalação do Estaleiro da OSX em Biguaçu.
Foi sim tumultuada como todos falaram, mas saí de lá com a impressão de que muitos ambientalistas mudaram de opinião.
Sou a favor sem esconder.
Sou ambientalista e futura construtora naval.

Sem muitos comentários, segue a carta que entregamos em nome dos acadêmicos do Curso de Tecnologia em Construção Naval e da Univali.

Florianópolis, 22 de julho de 2010.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MURILO FLORES
PRESIDENTE DA FATMA.

Prezado senhor,
O Centro Acadêmico do Curso Superior de Tecnologia em Construção Naval da UNIVALI, vem através dos acadêmicos integrantes se manifestar em prol da construção do estaleiro da OSX em Biguaçu.
O estaleiro OSX tem enorme importância para o estado de Santa Catarina, assim como para o país, não apenas pela geração de receita esperada, mas, principalmente, pelo grande incremento social que imprimirá ao município, estado e país, gerando uma enorme quantidade de empregos locais e regionais.
Representamos não só os profissionais que trabalham na construção naval, mas também uma parcela dos cidadãos que tem a coragem de optar pelo desenvolvimento industrial e econômico, sabedores da necessidade de integração consciente da sociedade industrializada ao meio ambiente.
Em vista das dificuldades que este empreendimento vem enfrentando para obter licenciamento ambiental, como tecnólogos e futuros tecnólogos em construção naval, fazemos aqui nosso apelo aos órgãos competentes em prol da liberação do licenciamento para a instalação deste estaleiro.
Conhecedores dos estudos feitos pela empresa OSX e dos pareceres desfavoráveis emitidos pelo ICMBio, acreditamos haver soluções para viabilizar a instalação do estaleiro e, ao mesmo tempo, minimizar o impacto ambiental. Precisamos nos conscientizar de que o progresso é causador de impactos de diversas naturezas e que as mudanças geram medo. Quase todos nós, conscientes disto ou não, admitamos isto ou não, somos apegados aos modelos e estilos de nossas vidas, por mais deficientes e causadores de sofrimento que eles sejam. Faz parte de nossa natureza. Somos, todos, mais ou menos conservadores. Basta ver quando algo realmente novo chega a nós, em nossa casa, a reação contrária que causa, e a pouca adesão que conquista num primeiro momento. Mas passada e esgotada todas às possibilidades de sermos prejudicados, quando o homem tem consciência de seu trabalho e seu objetivo problemas são bem administrados.
Por isso concordamos com essa preocupação com o meio ambiente e agradecemos por ter em nossa terra esses defensores. Assim ficamos com a certeza de que o estaleiro OSX só tem a contribuir para o desenvolvimento do município de Biguaçu e da Grande Florianópolis. Esperamos que os trabalhos que vem sendo feitos em favor do meio ambiente possam ser expandidos, para que haja o equilíbrio entre progresso e natureza, que podem coexistir em perfeito mutualismo.
Tomamos a liberdade de comentar alguns pontos polêmicos levantados pelo ICMbio:


ÁGUA DE LASTRO
A água de lastro é importante para manter a estabilidade e a integridade estrutural dos navios enquanto navegando. A IMO (Organização Marítima Internacional), através da MARPOL (Resolução Internacional para a Prevenção da Poluição de Navios), estabelece controle rígido sobre o manejo da água de lastro, que deve ser efetuado longe da costa. Ademais, os navios e plataformas virão ao estaleiro rebocados, e as manobras no canal de acesso se darão em águas abrigadas, onde os navios não necessitam da água de lastro para a sua estabilidade.


MOVIMENTAÇÃO DE EMBARCAÇÕES NA ÁREA DE AMORTECIMENTO DA REBIO DO ARVOREDO
Todo o tráfego de embarcações se dará dentro da zona de amortecimento da Reserva Biológica do Arvoredo, e isso vem sendo motivo de contestação. Porém, tal zona estende-se até Barra Velha, no norte do estado, passando por Itajaí e Navegantes, área de grande movimentação de navios, além de outras embarcações, como as pesqueiras, que nem sempre atendem às normas ambientais. Logo, o uso do argumento do trânsito de navios na área de amortecimento é ambíguo.


VAZAMENTO DE ÓLEO
O vazamento de óleo calculado pelo EIA é de no máximo 150m³, e só para vazamento dos tanques de combustível da barcaça que trará as chapas de aço para o estaleiro e dos rebocadores que trarão o navio a ser transformado no estaleiro, ao mesmo tempo. Geralmente, embarcações possuem mais de um tanque de combustível, e em caso de vazamento de um tanque, o óleo que ainda não foi perdido pode ser bombeado para outro tanque. Tudo isso torna pouco provável a ocorrência de um vazamento com um volume calculado pelo EIA. Estima-se que a movimentações desse tipo aconteçam somente no máximo 2 vezes por ano.
Os navios, quase em sua totalidade, possuem costado duplo e compartimentado para conter a entrada de água em caso de perfuração no casco. Como não havia legislação específica, os costados duplos eram usados como tanques de combustível, ficando claro o risco de vazamentos. Em vista disso, a IMO, através da MARPOL, instituiu em 2006 um novo regulamento de proteção para tanques de óleo, que na prática proíbe o uso dos cascos duplos como tanque de combustível. Novas embarcações, e outras que passarão por modificações, devem obrigatoriamente proteger os tanques, deixando o óleo fora de contato com o chapeamento exterior do navio. A norma entra em vigor à força em agosto de 2010. Tratando-se de um estaleiro, e não de um porto, não haverá operações de carga/descarga de óleo em grandes proporções. E, finalmente, a utilização de óleos e graxas na prática de estaleiro é controlada. Tudo isso leva a crer que o risco de contaminação por óleo será pequeno.


TINTAS ANTIINCRUSTANTES
As tintas antiincrustantes utilizadas em navios vêm passando por processos de melhoramento ao longo dos anos. A IMO possui regulamentos que proíbem uso de componentes tóxicos em tintas antiincrustantes, inclusive o TBT. Embarcações que não atendam a esse quesito não recebem certificação de classe por parte da Sociedade Classificadora, e são impedidas de navegar.
Diante do exposto acima, reafirmamos nosso apoio quanto à instalação do Estaleiro OSX em Biguaçu, e que, com um rígido controle ambiental, é possível que todos os impactos possam ser mitigados de forma satisfatória, permitindo a manutenção do estado de equilíbrio entre progresso e natureza.

Respeitosamente,

CATECON
Centro Acadêmico de Tecnologia em Construção Naval
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí.

2 comentários:

  1. Oi Denise! Só pra deixar marcada visita no teu blog. Li o teu comentário no Blog Mercante, e fiquei muito feliz com a repercussão que a nossa mobilização está tomando.
    Beijão!

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  2. Valeu Renan!
    Somos capazes.
    Vamos indo.
    Beijos!

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